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Gravataí, Rio Grande do Sul, Brazil
Daniel de Sàngo Agandjú, Religião de Matriz Africana Nação Ijexa, Filho de Santo de Pai Pedro de Osun Doko, Professor de Educação Física Licenciatura Plena formado pela Universidade Luterana do Brasil (ULBRA/Canoas), Técnico de Manutenção Mecânica formado pelo SENAI/Gravataí, Técnico em Administração formado pela Escola Fundação Bradesco/Gravataí

quinta-feira, 8 de dezembro de 2011

Lendas de Iansã / Oyá




















































Antes de tornar-se esposa de Xangô, Oyá vivia com Ogun. Ela vivia com o ferreiro e ajudava-o em seu ofício, principalmente manejando o fole para ativar o fogo na forja. Certa vez Ogun presenteou Oyá com uma varinha de ferro, que deveria ser usada num momento de guerra. A varinha tinha o poder de dividir em sete partes os homens e em nove partes as mulheres. Ogun dividiu esse poder com a mulher. Na mesma aldeia morava Xangô, ele sempre ia à oficina de Ogun apreciar seu trabalho e em várias oportunidades arriscava olhar para sua bela mulher. Xangô impressionava Oyá por sua majestade e elegância. Um dia os dois fugiram para longe de Ogun, que saiu enciumado e furioso em busca dos fugitivos. Quando Ogun os encontrou, houve uma luta de gigantes. Depois de lutar com Xangô, Ogun aproximou-se de Oyá e a tocou com sua varinha, e nesse mesmo tempo Oyá tocou Ogun também, foi quando o encanto aconteceu: Ogun dividiu-se em sete partes, recebendo o nome de Ogun Mejê, e Oyá foi dividida em nove partes, sendo conhecida como Iansã, “Iyámesan”, a mãe transformou-se em nove.
Um dia Oxum e outro alguém queriam fazer mal a Iansã, Colocaram o feitiço num bracelete de Oxum e o puseram dentro de uma caixa para que fosse entregue a Iansã. Agbô, então, foi chamado para levá-lo a Iansã, Agbô era o dono dos carneiros, dono dos agbôs. Tudo o que ocorria no palácio era espalhado por meio da língua de Agbô, o Carneiro, mas Iansã, com sua aguda intuição, pressentiu o que lhe vinha por meio de Agbô. Ela, então, foi ao encontro do Carneiro e na forma de um vento abriu a caixa e trocou o bracelete por um pequeno pássaro. Agbô foi um instrumento contra Iansã, mas Iansã sentiu-se traída por ele. Desde então Iansã odeia carneiros e não aceita nem se quer comê-los.
Notas bibliográficasMitologia dos Orixás – Reginaldo Prandi – 2001

Certa vez houve uma festa com todas as divindades presentes. Omulu-Obaluaiyê chegou vestindo seu capucho de palha. Ninguém o podia reconhecer sob o disfarce e nenhuma mulher quis dançar com ele. Só Oyá, corajosa, atirou-se na dança com o Senhor da Terra.Tanto girava Oyá na sua dança que provocava vento. E o vento de Oiá levantou as palhas e descobriu o corpo de Obaluaiyê. Para surpresa geral, era um belo homem. O povo o aclamou por sua beleza. Obaluaê ficou mais do que contente com a festa, ficou grato. E, em recompensa, dividiu com ela o seu reino. Fez de Oiá a rainha dos espíritos dos mortos. Rainha que é Oiá Igbalé, a condutora dos eguns. Oiá então dançou e dançou de alegria. Para mostrar a todos seu poder sobre os mortos, quando ela dançava agora, agitava no ar o iruquerê, o espanta-mosca com que afasta os eguns para o outro mundo. Rainha Oiá Igbalé, a condutora dos espíritos. Rainha que foi sempre a grande paixão de Omulu.

Conta umas das lendas de Iansã, a primeira esposa de SÀNGÓ, teria ido, a seu mandato, a um reino vizinho buscar 3 cabaças que estava com Obalúayé. Foi dito a ela que não abrisse estas cabaças, as quais ela deveria trazer de volta a SÀNGÓ. Iansã foi e lá Obalúayè recomendou mais uma vez que não deixasse as cabaças caírem e quebrarem e, se isto acontecesse, que ela não olhasse e fosse embora. Iansã ia muito apressada e não aguentava mais segurar o segredo. Um pouco mais à frente quebrou a primeira cabaça, desrespeitando a vontade de Obalúayé. Saíram de dentro da cabaça os ventos que a levou para o céus. Quando terminaram os ventos, Iansã voltou e quebrou a segunda cabaça. Da segunda cabaça saíram os Eguns. Ela se assustou e gritou: Reiiii! Na vez da terceira cabaça SÀNGÓ chegou e pegou para si, que era a cabaça do fogo, dos raios. Ela tinha um temperamento ardente e impetuoso. Foi a única entre as mulheres de SÀNGÓ que , no fim do seu reinado, o seguiu em sua fuga para Tapá. Quando ele recolheu-se para baixo da terra em Cosso, ela fez o mesmo em Yiá.

Ogum foi caçar na floresta, como fazia todos os dias. De repente, um búfalo veio em sua direção rápido como um relâmpago; notando algo de diferente no animal, ogum tratou de segui-lo. O búfalo parou em cima de um formigueiro, baixou a cabeça e despiu sua pele, transformando-se numa linda mulher. Era yansan, coberta por belos panos coloridos e braceletes de cobre. Yansan fez da pele uma trouxa, colocou os chifres dentro e escondeu-a no formigueiro, partindo em direção ao mercado, sem perceber que ogum tinha visto tudo. Assim que ela se foi, ogum se apoderou da trouxa, guardando-a em seu celeiro.
Depois foi a cidade, e passou a seguir a mulher até que criou coragem e começou a cortejá-la. Mas como toda mulher bonita, ela recusou a corte. Quando anoiteceu ela voltou à floresta e, para sua surpresa, não encontrou a trouxa. Tornou à cidade e encontrou ogum, que lhe disse estar com ele o que procurava. Em troca de seu segredo ( pois ele sabia que ela não era uma mulher e sim animal ), yansan foi obrigada a se casar com ele; apesar disso, conseguiu estabelecer certas regras de conduta, dentre as quais proibi-lo de comentar o assunto com qualquer pessoa.
Chegando em casa, ogum explicou suas outras esposas que yansan iria morar com ele e que em hipótese alguma deveriam insultá-la. Tudo corria bem; enquanto ogum saía para trabalhar, yansan passava o dia procurando sua trouxa.
Desse casamento nasceram nove filhos, o que despertou ciúmes das outras esposas, que eram estéreis. Uma delas, para vingar-se, conseguiu embriagar ogum e ele acabou relatando o mistério que envolvia yansan. Logo que o marido se ausentou, elas começaram a cantar: “Você pode beber, comer e exibir sua beleza, mas a sua pele está no depósito, você é um animal.” Iansã compreendeu a alusão. Depois que yansan encontrou então sua pele e seus chifres. Assumiu a forma de búfalo e partiu para cima de todos, poupando apenas seus filhos.
Decidiu voltar para a floresta, mas não permitiu que os filhos a acompanhassem, porque era um lugar perigoso. Deixou com eles seus chifres e orientou-os para, em caso de perigo deveriam bater os chifres um contra o outros; com esse sinal ela iria socorrê-los imediatamente. E por esse motivo que os chifres estão presentes nos assentamentos de yansan/oya.
Embora tenha sido esposa de Sangô, Iansã percorreu vários reinos e conviveu com vários Reis. Foi paixão de Ogum, Osogiyan e de Esú. Conviveu e seduziu Osossi, Logun-Edé e tentou em vão relacionar – se com Obaluaê. Sobre este assunto a história conta que Iansã percorreu vários Reinos usando sua inteligência, astúcia e sedução para aprender de tudo e conhecer igualmente tudo. Em Irê, terra de Ogum foi a grande paixão do Guerreiro. Aprendeu com ele o manuseio da espada e ganhou deste o direito de usá-la. Depois partiu e foi para Oxogbo, terra de Osogiyan. Com ele aprendeu o uso do Escudo para se defender de ataques inimigos e recebeu o direito de usá-lo. Depois partiu e nas estradas deparou-se com Esú. Com ele aprendeu os mistérios do fogo e da magia. No reino de Osossi, seduziu o Deus da Caça, e aprendeu a caçar, a tirar a pele do búfalo e se transformar naquele animal com a ajuda da magia aprendida com Esú. Seduziu Logun-Odé e com ele aprendeu a pescar. Foi para o Reino de Obaluaê, pois queria descobrir seus mistérios e conhecer seu rosto. Lá chegando, insinuou-se. Mas muito desconfiado, Obaluaê perguntou o que Oya queria e ela respondeu: -”queria ser sua amiga”. Então, fez sua Dança dos Ventos, que já havia seduzido vários reis. Contudo, sem emocionar ou sequer atrair a atenção de Obaluaê. Incapaz de seduzí-lo, Iansã procurou apenas aprender, fosse o que fosse. Assim dirigiu-se ao homem da palha: -“Aprendi muito com os outros Reis, mas só me falta aprender algo contigo.”- “Quer mesmo aprender, Oya? Vou te ensinar a tratar dos Mortos”.
Venceu seu medo com sua ânsia de aprender e com ele descobriu como conviver com os Eguns e a controlá-los. Partiu então para o Reino de Sangô, pois lá acreditava que teria o mais vaidoso dos reis e aprenderia a viver ricamente. Mas ao chegar ao reino do Rei do Trovão, Iansã aprendeu mais do que isso, aprendeu a amar verdadeiramente e com uma paixão violenta, pois Sangô dividiu com ela os poderes do raio e deu à ela seu coração. O fogo das paixões, o fogo da alegria e o que queima. Ela é o Orisá do Fogo.

Osogyian estava em guerra, mas a guerra não acabava nunca, tão poucas eram as armas para guerrear. Ògún fazia as armas, mas fazia lentamente. Osogyian pediu a seu amigo Ògún urgência, mas o ferreiro já fazia o possível. O ferro era muito demorado para se forjar e cada ferramenta nova tardava como o tempo. Tanto reclamou Osaguiã que Oyá, esposa do ferreiro, resolveu ajudar Ògún a apressar a fabricação. Oyá se pôs a soprar o fogo da forja de Ògún e seu sopro avivava intensamente o fogo e o fogo aumentado de calor derretia o ferro mais rapidamente. Logo Ògún pode fazer muitas armas e com as armas Osogyian venceu a guerra. Osogyian veio então agradecer Ògún. E na casa de Ògún enamorou-se de Oyá. Um dia fugiram Osogyian e Oyá, deixando Ògún enfurecido e sua forja fria. Quando mais tarde Osogyian voltou à guerra e quando precisou de armas muito urgentemente, Oyá teve que voltar a avivar a forja. E lá da casa de Osogyian, onde vivia, Oyá soprava em direção à forja de Ògún. E seu sopro atravessava toda a terra que separava a cidade de Osogyian da de Ògún. E seu sopro cruzava os ares e arrastava consigo pó, folhas e tudo o mais pelo caminho, até chegar às chamas com furor atiçava. E o povo se acostumou com o sopro de Oyá cruzando os ares e logo o chamou de vento. E quanto mais a guerra era terrível e mais urgia a fabricação das armas, mais forte soprava Oyá a forja de Ògún. Tão forte que às vezes destruía tudo no caminho, levando casas, arrancando árvores, arrasando cidades e aldeias. O povo reconhecia o sopro destrutivo de Oyá e o povo chamava a isso tempestade.
Oiá desejava ter filhos, mas não podia conceber. Oiá foi consultar um babalaô e ele mandou que ela fizesse um ebó. Ela deveria oferecer um carneiro, um agutã, muitos búzios e muitas roupas coloridas. Oiá fez o sacrifício e teve nove filhos. Quando ela passava, indo em direção ao mercado, o povo dizia: “Lá vai Iansã”. Lá ia Iansã, que quer dizer mãe nove vezes. E lá ia ela toda orgulhosa ao mercado vender azeite-de-dendê. Oiá não podia ter filhos, mas teve nove, depois de sacrificar um carneiro, e em sinal de respeito por seu pedido atendido Iansã, a mãe de nove filhos, nunca mais comeu carneiro.
Fonte das lendas: http://www.lendas.orixas.nom.br




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