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Gravataí, Rio Grande do Sul, Brazil
Daniel de Sàngo Agandjú, Religião de Matriz Africana Nação Ijexa, Filho de Santo de Pai Pedro de Osun Doko, Professor de Educação Física Licenciatura Plena formado pela Universidade Luterana do Brasil (ULBRA/Canoas), Técnico de Manutenção Mecânica formado pelo SENAI/Gravataí, Técnico em Administração formado pela Escola Fundação Bradesco/Gravataí

sábado, 14 de janeiro de 2012

Exú Tatá Caveira




Antes de ser uma entidade, Tatá Caveira viveu na terra física, assim como todos nós. Acreditamos que nasceu em 670 D.C., e viveu até dezembro de 698, no Egito, ou de acordo com a própria entidade, "Na minha terra sagrada, na beira do Grande Rio".

Seu nome era Próculo, de origem Romana, dado em homenagem ao chefe da Guarda Romana naquela época.

Próculo vivia em uma aldeia, fazendo parte de uma família bastante humilde. Durante toda sua vida, batalhou para crescer e acumular riquezas, principalmente na forma de cabras, camelos e terras. Naquela época, para ter uma mulher era necessário comprá-la do pai ou responsável, e esta era a motivação que levou Próculo a batalhar tanto pelo crescimento financeiro.

Próculo viveu de fato uma grande paixão por uma moça que fora criada junto com ele desde pequeno, como uma amiga. Porém, sua cautela o fez acumular muita riqueza, pois não queria correr o risco de ver seu desejo de união recusado pelo pai da moça.

O destino pregou uma peça amarga em Próculo, pois seu irmão de sangue, sabendo da intenção que Próculo tinha com relação à moça, foi peça chave de uma traição muito grave. Justamente quando Próculo conseguiu adquirir mais da metade da aldeia onde viviam, estando assim seguro que ninguém poderia oferecer maior quantia pela moça, foi apunhalado pelas costas pelo seu próprio irmão, que comprou-a horas antes. De fato, a moça foi comprada na noite anterior à manhã que Próculo intencionava concretizar seu pedido.

Ao saber do ocorrido, Próculo ficou extremamente magoado com seu irmão, porém o respeitou pelo fato ser sangue do seu sangue. Seu irmão, apesar de mais velho, era muito invejoso e não possuía nem metade da riqueza que Próculo havia acumulado.


 

A aldeia de Próculo era rica e próspera, e isto trazia muita inveja a aldeias vizinhas. Certo dia, uma aldeia próxima, muito maior em habitantes, porém com menos riquezas, por ser afastada do Rio Nilo, começou a ter sua atenção voltada para a aldeia de Próculo.

Uma guerra teve início. A aldeia de Próculo foi invadida repentinamente, e pegou todos os habitantes de surpresa. Estando em inferioridade numérica, foram todos mortos, restando somente 49 pessoas.

Estes 49 sobreviventes, revoltados, se uniram e partiram para a vingança, invadindo a aldeia inimiga, onde estavam mulheres e crianças. Muitas pessoas inocentes foram mortas neste ato de raiva e ódio. No entanto, devido à inferioridade numérica, logo todos foram cercados e capturados.

Próculo, assim como seus companheiros, foi queimado vivo. No entanto, a dor maior que Próculo sentiu "não foi a do fogo, mas a do coração", pela traição que sofreu do próprio irmão, que agora queimava ao seu lado.

Esta foi a origem dos 49 exus da linha de Caveira, constituída por todos os homens e mulheres que naquele dia desencarnaram.

Entre os exus da linha de Caveira, existem: Tatá Caveira, João Caveira, Caveirinha, Rosa Caveira, Dr. Caveira (7 Caveiras), Quebra-Osso, entre muitos outros. Por motivo de respeito, não será indicado aqui qual exu da linha de Caveira foi o irmão de Tatá enquanto vivo.


 

Como entidade, o Chefe-de-falange Tatá Caveira é muito incompreendido, e tem poucos cavalos. São raros os médiuns que o incorporam, pois tem fama de bravo e rabugento. No entanto, diversos médiuns incorporam exus de sua falange.

Tatá é brincalhão, ao mesmo tempo sério e austero. Quando fala algo, o faz com firmeza e nunca na dúvida. Tem temperamento inconstante, se apresentando ora alegre, ora nervoso, ora calmo, ora apressado, por isso é dado por muitos como louco.

No entanto, Tatá Caveira é extremamente leal e amigo, sendo até um pouco ciumento. Fidelidade é uma de suas características mais marcantes, por isso mesmo Tatá não perdoa traição e valoriza muito a amizade verdadeira. Considera a pior das traições a traição de um amigo.

Em muitas literaturas é criticado, e são as poucas as pessoas que têm a oportunidade de conhecer a fundo Tatá Chefe-de-falange. O cavalo demora a adquirir confiança e intimidade com este exu, pois é posto a prova o tempo todo.

No entanto, uma vez amigo de Tatá Caveira, tem-se um amigo para o resto da vida. Nesta e em outras evoluções.

Maria Quiteria



Esta pomba-gira de fé é da mesma banda de Maria Padilha, é uma entidade muito forte que comanda uma falange muito grande de mulheres... pomba-gira Maria Navalhada é sua subordinada. Ela acompanha sete exus e se apresenta sempre quando bem incorporada como uma mulher forte e sem rodeios... ao contrário do que muitos pensam estas entidades apesar de serem muito sensuais... não costumam se insinuar a ninguém... a sensualidade faz parte da sua maneira de viver e é assim que elas se aproximam dos seus filhos de fé! 

Maria Quitéria aceita seus pedidos e oferendas nas encruzilhadas e cruzeiros... toma champanhe em taça, gosta de cigarrilhas longos, bijuterias, perfumes, velas vermelhas e toalha vermelha e preta... Suas oferendas tem que sempre estarem impecáveis... assim é esta exigente entidade.
A força energética de Maria Quitéria tem maior intensidade em trabalhos a serem executados com as Almas principalmente em Cemitérios e Montes, sendo quase sempre mensageira de Orixás como Iansã, Obá, e as vezes Ogum.

Caminhos
  • Maria Quitéria das 7 Encruzilhadas

  • Maria Quitéria da Calunga

  • Maria Quitéria das Almas

  • Maria Quitéria da Campina

  • Maria Quitéria do Cruzeiro

  • Maria Quitéria da Figueira

  • Maria Quitéria das Sete Catacumbas


Maria Mulambo


Sua lenda diz que Maria Mulambo nasceu em berço de ouro, cercada de luxo. Seus pais não eram reis, mas faziam parte da corte no pequeno reinado.
Maria cresceu sempre bonita e delicada.
Com seus trejeitos, sempre foi chamada de princesinha, mas não o era.
Aos 15 anos, foi pedida em casamento pelo rei, para casar-se com seu filho de 40 anos.
Foi um casamento sem amor, apenas para que as famílias se unissem e a fortuna aumentasse.
Os anos se passavam e Maria não engravidava.
O reino precisava de um outro sucessor ao trono.
Maria amargava a dor de, além de manter um casamento sem amor, ser chamada de árvore que não dá frutos; e nesta época, toda mulher que não tinha filhos era tida como amaldiçoada. Paralelamente a isso tudo, a nossa Maria era uma mulher que praticava a caridade, indo ela mesma aos povoados pobres do reino, ajudar aos doentes e necessitados. Nessas suas idas aos locais mais pobres, conheceu um jovem, apenas dois anos mais velho que ela, que havia ficado viúvo e tinha três filhos pequenos, dos quais cuidava como todo amor. Foi amor à primeira vista, de ambas as partes, só que nenhum dos dois tinha coragem de aceitar esse amor.
O rei morreu, o príncipe foi coroado e Maria declarada rainha daquele pequeno país.
O povo adorava Maria, mas alguns a viam com olhar de inveja e criticavam Maria por não poder engravidar.
No dia da coroação os pobres súditos não tinham o que oferecer a Maria, que era tão bondosa com eles. Então fizeram um tapete de flores para que Maria passasse por cima.
A nossa Maria se emocionou; seu marido, o rei, morreu de inveja e ao chegar ao castelo trancou Maria no quarto e deu-lhe a primeira das inúmeras surras que ele lhe aplicaria. Bastava ele beber um pouquinho e Maria sofria com suas agressões verbais, tapas, socos e pontapés.
Mesmo machucada, nossa Maria não parou de ir aos povoados pobres praticar a caridade. Num destes dias, o amado de Maria, ao vê-la com tantas marcas, resolveu declarar seu amor e propôs que fugissem, para viverem realmente seu grande amor.
Combinaram tudo.
Os pais do rapaz tomariam conta de seus filhos até que a situação se acalmasse e ele pudesse reconstruir a família. Maria fugiu com seu amor apenas com a roupa do corpo, deixando ouro e jóias para trás.
O rei no princípio mandou procurá-la, mas, como não a encontrou, desistiu.
Maria agora não se vestia com luxo e riquezas, agora vestia roupas humildes que, de tão surradas, pareciam mulambos; só que ela era feliz.
E engravidou.
A notícia correu todo o país e chegou aos ouvidos do rei.
O rei se desesperou em saber que ele é que era uma árvore que não dá frutos. A loucura tomou conta dele ao saber que era estéril e, como rei, ele achava que isso não podia acontecer.
Ele tinha que limpar seu nome e sua honra.
Mandou seus guardas prenderem Maria, que de rainha passou a ser chamada de Maria Mulambo, não como deboche mas, sim, pelo fato de ela agora pertencer ao povo. Ordenou aos guardas que amarrassem duas pedras aos pés de Maria e que a jogassem na parte mais funda do rio. O povo não soube, somente os guardas; só que 7 dias após esse crime, às margens do rio, no local onde Maria foi morta, começaram a nascer flores que nunca ali haviam nascido. os peixes do rio somente eram pescados naquele local, onde só faltavam pular fora d’água. Seu amado desconfiou e mergulhou no rio, procurando o corpo de Maria; e o encontrou. Mesmo depois de estar tantos dias mergulhado na água, o corpo estava intacto; parecia que ia voltar à vida. os mulambos com que Maria foi jogada ao rio sumiram.
Sua roupa era de rainha.
Jóias cobriam seu corpo.
Velaram seu corpo inerte e, como era de costume, fizeram uma cerimônia digna de uma rainha e cremaram seu corpo.
O rei enlouqueceu.
Seu amado nunca mais se casou, cultuando-a por toda a vida, à espera de poder encontra sua Maria. 

No dia em que ele morreu e reencontrou Maria, o céu se fez azul mais límpido e terve início a primavera.

Assim a nossa Maria, que agora era rainha Maria Mulambo, virou lenda; e até hoje é invocada para proteção dos amores impossíveis…

Pomba Gira Rosa Caveira


Bom essa Lenda que será contada aqui, pertence à uma de suas vidas passadas, lembrado que nem sempre a Rosa Caveira que incorpora em Cicrano, é a mesma que incorpora Fulano. Então a historia poderá ser diferente da outra, mas sempre será a mesma Rosa Caveira. Larôye Pomba Gira.
Ela viveu aproximadamente á 2.300 anos antes de Cristo, na região da Mongólia, os seus pais eram agricultores e tinham muita terra. Ela era uma das 7 filhas do casal, sendo que seu nascimento, deu-se na primavera e a mãe dela tinha um jardim muito grande de rosas vermelhas e amarelas, que rodeava toda sua casa. E foi nesse jardim, onde ocorreu seu parto. Seus pais além de serem agricultores, também eram feiticeiros, mas só praticavam o bem para aqueles que os procuravam, e sua mãe tinha muita fé em um cruzeiro que existia atrás de sua casa no meio do jardim, onde seus parentes eram enterrados. No parto da Rosa Caveira, a mãe estava com problemas, e dificultava o nascimento da mesma e estava perdendo muito sangue, podendo até morrer no parto. Foi quando a avó da Rosa Caveira que já havia falecido há muito tempo, e estava sepultada naquele cemitério atrás de sua casa, vendo o sofrimento de sua filha, veio espiritualmente ajuda-la no parto, sendo que sua mãe com muita dificuldade e a ajuda de sua avó (falecida), conseguiu dar a luz a Rosa Caveira, e como prova de seu Amor a neta, sua avó, colocou em sua volta, várias Rosas Amarelas e pediu a sua filha que a batiza-se com o nome de ROSA CAVEIRA, pelo fato dela ter nascido em um jardim repleto de Rosas e encima de um Campo Santo (cemitério), e também por causa da aparência Astral de sua mãe (avó), que aparentava uma Caveira. E em agradecimento a ajuda da mesma, ela colocou uma Rosa Amarela em seu peito e segurando a mão de sua mãe, a batizou com o nome de ROSA CAVEIRA DO CRUZEIRO, conhecida com o nome popular de Rosa Caveira.

Ela cresceu com as irmãs, mas sempre foi tratada de modo diferente pela suas irmãs, sempre quando chegava a data de seu aniversario sua avó ia visitá-la (espiritualmente), e por causa destas visitas e carinho que seus pais tinham a ela, suas irmãs começaram a ficar com ciúmes e começaram a maltratar a Rosa, debochar dela, chamar ela de amaldiçoada pois havia nascido encima de um Campo Santo e seu parto feito por uma morta, de caveira dos infernos, etc. E a cada dia que se passava, Rosa ficava com mais raiva de suas irmãs. Então ela pediu para seus pais, que ensinasse a trabalhar com magia, mas não para fazer maldade, mas sim para sua própria defesa, e ajuda de pessoas que por ventura a fosse procurar. Sua avó vinha sempre lhe dizer que ela precisaria se cuidar, pois coisas muito graves estariam para acontecer. Seu pai muito atencioso a ensinou tudo o que ela poderia apreender, e também ensinou-a a manejar espadas, lanças, punhais, ou seja, armas em geral. Sua mãe lhe ensinou tudo o que poderia ser feito com ervas, porções, perfumes, e principalmente o que se poderia fazer em um Cruzeiro. Foi ai que suas irmãs ficaram com mais raiva ainda, pois ela estava sendo preparada para ser uma grande Feiticeira, e sendo ajudada por seus Pais e sua Avó, e zombava mais ainda dela, chamando-a de mulher misturada com homem e demônio, uma aberração da natureza, não por causa de sua aparência, pois ela era linda, mas sim por vir ao mundo nas mãos de uma Caveira (sua avó), e ter nascido encima de um cemitério.

Suas irmãs se casaram com agricultores da região, porém uma de suas irmãs (a mais velha), se aperfeiçoou em Magia Negra, e por vingança do carinho e a presteza que seus Pais davam a Rosa e não a elas, não porque seus pais gostavam mais dela, pois eles tinham amor igual a todas, mas Rosa demonstrava mais interesse do que as outras, ela fez um feitiço que matou seus pais. A Rosa com muita raiva, matou sua irmã e seu marido. As outras irmãs com medo dela, juraram lealdade a ela e nunca mais zombaram dela.

Aos 19 anos ela saiu ao mundo querendo descobrir algo novo em sua vida, foi quando ela conheceu um homem (Mago) que tinha 77 anos, e juntos com seus 4 irmãos, ele foi ensinando a ela varias magias e feitiços, tudo sobre a vingança, o ódio, a dor, pois esse homem era o Mago mais odiado e temido da redondeza pelos Senhores Feudais e Magos Negros. Vivia em um cemitério com seus 4 irmãos e discípulos. Ela aprendeu a ver o futuro e fazer várias Magias de um modo diferente, sempre usava um crânio tanto humano como de animal e em sua boca colocava uma rosa amarela, foi quando em uma de suas visões, viu suas irmãs planejarem sua morte. Ela por sua vez muito esperta, fez uma Magia, que matou todas suas irmãs. Após fazer isso ela voltou a companhia do mago, e com sua ajuda percorreu várias aldeias, causando guerras para fazer justiça e para livrar os povos dos Senhores Feudais, e também livrar esses povos de encantos de Magos Negros e Feiticeiros Malignos, e por causa disso ela era muito venerada, adorada e respeita por todos. Aos 99 anos, seu amado e seu mestre, morreu e ela assumiu seu lugar junto com o irmão mais velho do mago.

Aos 77 anos ela foi traída por um dos irmãos do mago falecido, o terceiro irmão, que a entregou a um mago que estava a sua procura, este Mago era um dos mais temidos e perversos e que sabia o ponto fraco dela. Com a ajuda desse irmão, esse Mago a matou, e degolou a Rosa e entregou sua cabeça em uma bandeja de ouro rodeada de rosas vermelhas, para os Espíritos dos Magos Negros. Após isso ela ficou aprisionada espiritualmente por esse mago até ser liberta pelo seu amado e mestre o mago falecido, que entregou a falange do Exu Caveira. O irmão do mago que a traiu, foi morto 3 anos depois pela própria Rosa, que deu sua alma de presente a seu Amado e Mestre, se tornando assim seu escravo.

Foi ai que ela começou a trabalhar na linha das almas e ficou conhecida como Rosa Caveira (Pomba-Gira Guerreira e Justiceira), pois em sua apresentação astral ela vem em forma de mulher ou caveira, ou meio a meio sempre com uma Rosa amarela em suas mãos e uma caveira aos seus pés, caveira esta que representa, todos seus inimigos que cruzam seu caminho.

Trabalha na linha das almas e faz parte da falange do Exu Caveira e Tava Caveira
Seu ponto de força, é no cruzeiro das almas, onde são entregues seus pedidos e oferendas.
Sua Flor preferida é Rosa Amarela
Sua guia é, preto e branco ou amarelo e preto.
Pertence a linha negativa dos pretos velhos.
Pontos
Rosa amarela, rosa vermelha
Lá no cemitério onde mora Rosa Caveira

Rosa Caveira


Uma Pomba Gira nos Himalaias

Por Edmundo Pellizari

Dona Rosa Caveira é um mis­tério só.
Pomba gira pouco co­nhe­cida, tem reputação de maravilhosa curandeira e as­pecto inquietante.
Nas imagens popu­lares, ironicamente difí­ce­is de encontrar no Brasil, ela exibe um corpo meio esquelé­tico e meio humano coberto com capa e capucho.

Nos meios tradicionais é dito que ela é a “esposa” de Seu João Caveira, exu da “Velha Guar­da” do cemitério e Chefe da Linha dos Caveiras, um grupo de ser­vi­­dores fiéis e muito pres­tativos.

Em conversa ao pé do con­gá, com alguns irmãos de fé que também circulam pelos caminhos de algumas reli­giões de origem bantu (Kim­banda, Cangerê, Cabula), ou­vi que Do­na Rosa Caveira é protago­nis­ta de inú­meras lendas.

Uma delas conta que Rosa nasceu no Oriente.

Sétima filha de uma simples família do campo, desde cedo aprendeu com seus pais as artes da cura, pois eles eram afamados xamãs. Sua fa­lecida avó foi sua primeira guia espiritual.
Em sonhos, a querida al­ma da ancestral instruia e aconselhava a neta.
Rosa era uma menina privile­giada.
Aos dezenove anos ela conheceu um xamã mui­to mais velho.
Eles se apaixonaram e casaram.
Ela então começou um perío­do muito intenso de atendi­mento espiritual aos cidadãos de sua vila e arredores.
Sua vi­da trans­correu cheia de méri­tos e bênçãos.
Rosa morreria depois de seu marido, sa­bo­re­an­do o prazer de uma exis­tência de­dicada os mais necessitados.
Outra lenda nos conta o se­gre­do de seu nome...
Ao redor da ca­sinha onde sua família morava existia um roseiral selvagem.
No final da gra­videz, sua mãe não teve tempo de pedir ajuda à parteira local e a menina nasceu ali mesmo.

Daí o nome: Rosa.

Por que caveira ?

Em certas regiões do Oriente, so­bretudo na Índia, Tibet e Butão, alguns xamãs e yogues utiizam a caveira hu­mana como um cálice ritual.
A ca­veira, assim utilizada, não está relacio­nada com magia negra ou qualquer arte malévola.

No Budismo Tibetano os Lamas utili­zam uma caveira como cálice.

Também fazem um pequeno tambor com duas metades de caveira...
Na Índia ele é chamado de Damaru e a caveira de Kapala.

Quando conheci a lenda de Rosa Caveira, imediatamente percebi a co­nexão com as tradições yogues e tibe­tanas.
Na minha imaginação eu “vi” a gran­de mestra sentada numa alta mon­tanha, segurando uma caveira e em profundo estado de meditação.

Seria Rosa Caveira tibetana?

Pode ser que a lenda tenha se oci­dentalizado e a planta original, que poderia ser o lótus, tenha se trans­for­mado em rosa.
Neste caso seu nome seria Pema em tibetano. Em sânscrito, seu nome espiritual seria Kapa­la­padma (Lótus Caveira).
Na tradição budista e mágica do Tibet, Mongólia e arredores, existem mui­tas histórias e lendas com as mes­mas características das aqui men­cio­nadas.

O fato é que como Pomba Gira bra­sileira, na gira do dia-a-dia dos terrei­ros, Rosa Caveira é um pouco dife­rente de suas irmãs.
Ela não se firmou como “mu­lher da vida” ou er­ran­te marginal.
Mas se perpetuou como curandeira poderosa e ponte entre os diversos reinos do astral.

Uma outra curiosidade cir­cunda esta Pomba Gira. Rosa Ca­veira trabalha e vi­bra no cemitério...
Em algu­mas tradições orientais, as mes­­mas mencionadas acima, certo grupo de adeptos utiliza o cemitério para tra­balhos espirituais de cura e transfor­mação. Eles são cha­ma­dos de Kapa­likas ou portadores da caveira!
As mu­lhe­res do grupo, além da caveira transportam um tridente.

Certa vez eu estava caminhando com um amigo indiano pelas ruas do centro de São Paulo.
De repente, dian­te de uma loja de artigos religiosos, ele literalmente ficou paralisado!
Uma grande e vermelha estátua de Pomba Gira estava diante de nós.
Nua, majestosa, segurando um tridente e com uma caveira nos pés.

Shivaji, meu amigo indiano, se cur­­vou aos pés da imagem e disse:
“Trishula Kapala Ma! O que você faz aqui?”

Trishula Kapala Ma é a Mãe do Tri­dente e da Caveira,
uma re­pre­sen­tação do femi­nino sagra­do que po­de ron­dar os lugares de cremação.

Ela des­­trói os fantasmas ma­­lignos e os demô­nios, come as ilusões hu­ma­nas e resgata as almas das mãos dos seres das tre­vas.
Seu aspecto pode ser “terrí­vel”, mas a luz e a bonda­de emana de seu cora­ção.

Atrás do aspecto funesto de Rosa Caveira com certeza brilha a mesma luz.
Nela se encontram o Oriente e o Oci­dente, o vermelho e o branco, a vida e a morte.